Quando a lua vai descendo, minha dor vai aumentando
Pois quando vejo a lua, fico triste me lembrando.
Me lembrando com saudade
Da beleza e da bondade de um anjo que Deus me deu,
Uma menina bonita qeu se chamava chiquita e tanto brincou mais eu.
Chiquita era a mais bonita das meninas dessa terra
Alva como aquela lua que nasce atrás da serra.
Seu cabelo fino e loiro
Tem uma mistura de ouro que a gente ver brilhar,
Corada como abobrinha e os olhos da cor do mar.
Quando ela tinha seis anos e eu seis anos também tinha
A minha casa era dela e a casa dela era minha.
Quando eu não ia para lá chiquita vinha para cá
E era assim que nós vivia.
Como dois pombinhos inocentes, ela se rindo e eu contente
querendo o que ela queria.
De manhãzinha bem cedo depois do sol raiar
Mãe Velha chamava a gente para aprender a rezar.
Quando mãe Velha chamava nós iamos e se ajoelhava como faz na igreja,
Mãe Velha paciente ia dizendo na frente:
-Bentido e louvado seja nosso Deus, nosso Jesus
Que para nos livrar da culpa morreu pregado na cruz!
-Seja louvada também a Virgem Nossa Senhora
Lá no reino da glória, para todo sempre amém!
Depois de rezar a gente saia correndo de braços dados
E no terreiro meu primeiro cuidado.
era tirar uma rosa das mais bonitas e cheirosas, para colocar no seu cocó
Naquele tempo feliz nós eramos como se diz:
-Dois anéis num dedo só.
Ela corria atrás de mim e eu atrás dela corria
A gente nem se dava conta de que tamanho era o dia.
Tudo era gozo e prazer, ninguém pensava em morrer!
Uma vidinha tetéia, nós viviamos gozando,
Ou no terreiro brincando, ou no colo de mãe Velha.
Tinha no nosso terreiro num pé de jacarandá
Sobre um gancho de três galhos um ninho de sabiá.
Se ver os pintos eu queria no jacarandá subia
Chiquita ficava embaixo, por que mãe Velha dizia:
-Que as mulheres não sobem em paus, como os homens machos faziam.
Mas, eu trazia os pintos, para Chiquita ver também
Ela os beijava se rindo, os chamando de meu bem.
Depois os recebia e como eles me subia
Como quem pega num ovo e botava os pinto novo no ninho do sabiá.
De noite a lua trazia, toda a sua claridade
Querendo também fazer parte de nossa felicidade.
Vinha iluminando a terra, por trás daquela serra, tão redonda e tão bonita
Mas, muitas vezes eu pensava que a lua inveja a beleza de Chiquita.
Muitas vezes no terreiro, todos sentados no chão
Mãe Velha contava estória, escarolando algodão.
Falava de nosso senhor que quando nesse mundo andou,
E também em Nossa Senhora e coisas muito engraçadas;
Ah! Mulher abençoada, para saber contar história.
Mas, aquela coisa tão boa desapareceu da terra
O sol e a lua ainda nascem por trás daquela serra.
Ela é sempre a mesma lua com toda beleza sua,
Que nosso senhor lhe deu.
Eu é que estou triste e diferente,
Mãe Velha, já não existe, Chiquita também morreu!
A mesma lua ainda têm a sua cor de prata
Eu só tenho no meu peito, essa saudade que me maltrata.
A vida é tão esquecida, nem mãe Velha, nem Chiquita
Tudo, tudo se acabou!
Pois até o jacarandá do ninho do sabiá,
O vento veio e derrubou!
Patativa do Assaré-Cariri, NE-Brasil.
2 comentários:
Sou o Poeta Daniel (Neto do Patativa).
A poesia está desnaturalizada, coloque na linguagem matuta, na linguagem culta como está no blog ela perde a métrica, rima e estética.
Minha avó nós chamávamos ela de mãe velha. "Mãe véia". Sou do RN. Abraços
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